Estive ontem na Câmara Municipal para levar meu manifesto e
pedir providências aos vereadores quanto à prática abusiva, imoral e ilegal de contratação
de familiares nos órgãos públicos, em especial, na Prefeitura Municipal,
prática tão escancarada aos olhos e tão comum que o cidadão biquense parece ter
perdido a capacidade de se indignar com a cara de pau de muitas autoridades.
Enganam-se estas mesmas “autoridades” em acreditar nisso! O povo vê, o povo
fala e está indignado. O que está faltando é uma reação concreta, o início
desta reação. É com este objetivo que me manifestei naquela “Casa de Leis”
onde, sentados nas cadeiras estão aqueles que foram eleitos para fiscalizar e
coibir estes fatos.
Enquanto vice-prefeito acompanhei e questionei sempre este estado de
coisas. Para que todos possam entender melhor o problema é preciso voltar no
tempo e recordar as negociações para a campanha das eleições de 2004. Logo na
primeira reunião apresentei cinco itens, cinco propostas, mais que um pedido
uma exigência moral ao então candidato a prefeito Honório. "Eram compromissos
pessoais comigo. Deles eu não abriria mão!" Apenas se estes compromissos fossem
assumidos, aquela aliança poderia progredir. Para enfatizar e ratificar estes
compromissos, a cada comício, em cada inauguração ou em cada evento escolar
relembrava em público ao prefeito e a todos os presentes dos compromissos assumidos, sem deixar de
exaltar os compromissos que já haviam sido honrados. Eram eles:
1-
Reabertura da Escola Rural Val Paraíso, escola
que lutei tanto para que permanecesse aberta, mas que infelizmente não havia
obtido sucesso;
2-
Instituição legal de um uniforme padrão para os
alunos das escolas públicas municipais, decretando o fim da farra e do
desperdício de dinheiro público com uniformes que mudavam de quatro em quatro
anos tornando-se verdadeiras fantasias de promoção e de satisfação do ego
daqueles que assumiam a prefeitura;
3-
Um compromisso pessoal do então candidato de
que, caso eleitos, todos os recursos que eu conseguisse nos dois primeiros anos
de governo seriam destinados ao Bairro Gilson Lamha, bairro totalmente
abandonado pelas administrações anteriores desde a sua fundação e que
infelizmente voltou ao seu estado original de total abandono;
4-
Realizar o mais rápido possível um Concurso
Público para cargos da prefeitura municipal com o objetivo de acabar com o
excesso de contratações normalmente baseadas em conceitos imorais, ou seja,
moralizar a coisa pública dando a todos os mesmo direitos de alcançarem o
emprego tão desejado;
5-
Por fim, a adoção imediata por lei do processo
de eleição dos diretores e diretoras das escolas públicas municipais, acabando
com o clientelismo em que havia se transformado o processo em Bicas,
moralizando de vez o problema. Confesso que acreditava na ocasião que este
seria o primeiro problema a ser resolvido, já que o atual prefeito foi diretor
do estadual por três mandatos seguidos e conhecia muito bem a riqueza, a
importância deste processo que visa valorizar a competência e principalmente, eleger
apenas funcionários efetivos, pois apenas estes podem concorrer. A real
promoção e premiação à competência, além da valorização do profissional efetivo
e de uma maior autonomia financeira para a escola.
Como todos podem
perceber, os quatro primeiros compromissos foram honrados, restando ainda o
quinto compromisso por realizar. Mas, passados seis anos e diante do número
absurdo de contratações pela prefeitura, percebo que se faz extremamente necessário
novo concurso público, já que o excesso de contratações é o principal artifício
e recurso para atenderem a favores e mimos de grupos familiares em detrimento
da grande maioria de nossos jovens que se encontram desempregados sonhando com
a possibilidade de seu primeiro emprego. Junto com os cargos de confiança comissionados,
a contratação se tornou a principal porta para a prática do nepotismo na prefeitura.
Encontrei o apoio de quase todos os vereadores à minha proposta. Para meu
espanto, apenas um vereador manifestou-se contrário sob o argumento de ser uma
proposta “vazia”. Por quê? Quem sabe a comissão traga respostas.
Mas não faz mal. Espero confiante pela formação de uma
comissão pela Câmara Municipal para apurar, identificar e tomar as devidas
providências e encaminhamentos buscando uma solução moralizadora para que seja eliminada de uma vez por todas da
administração de nossa cidade esta prática ilegal e imoral, um novo tempo para
a administração pública de Bicas.
Termino esta postagem com o
texto que iniciei meu manifesto na Câmara Municipal, os Princípios que regem a
administração pública, os Princípios do Direito Administrativo:
O Princípio da Impessoalidade
exige tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas ou
detrimentosas, ou seja, legalidade e isonomia no ato público com o intuito
essencial de impedir que fatores pessoais, subjetivos sejam os verdadeiros
móveis e fins das atividades administrativas, obstaculizando atuações geradas
por antipatias, simpatias, objetivos de vingança, represálias, nepotismo,
favorecimentos diversos, muito comuns em contratações de pessoal, concursos
públicos, licitações e exercício do poder de polícia.
O Princípio da Moralidade
exige governar visando sempre o interesse de toda a coletividade, desconectados
de razões pessoais no intuito de impedir que o poder público execute ato com o
intuito de favorecer deliberadamente alguém.
Penso que ficou claro. Alguém ainda tem alguma dúvida?
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Amarildo, repito aqui o que lhe disse ontem para que você não deturpe minhas palavras. Disse que sua denúncia é vazia porque não trouxe nenhum indício e nem um nem um nome do que você julga ser irregular.
ResponderExcluirMinha posição quanto ao nepotismo é um pouco diferente da sua. Não enxergo isso como algo tão grave assim. Acho que numa cidade do porte de Bicas, qualquer uma, isso acaba ocorrendo devido ao tamanho das famílias e sua inserção na sociedade em geral.
Mas me espanta você fazer esta denúncia "indignada", somente um mês e meio depois de sua esposa ser exonerada do cargo de Secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico. Por seis anos não vimos manifestação nenhuma neste sentido de sua parte. O que é isso companheiro? Eu lhe respondo: FISIOLOGISMO. Ou como diria um colega vereador ontem depois da reunião: "Tiraram a mamadeira e o bebê chorou."
Voltando ao nepotismo, é interessante ver esta acusação partindo de você que, quando assumiu a Secretaria de Assistência Social em 2005, a primeira pessoa que você indicou para ser contratada na pasta foi uma parente sua. Senão vejamos, eram três vagas a serem ocupadas no PAIF logo no início da administração. O Preeito Honório indicou duas pessoas: Gerséia Mendonça como Psicóloga e Vandreléia Tresse como Assistente Social e você indicou a Maria das Graças Corrêa como Auxiliar Administrativa, coincidentemente sua prima.
Portanto, vamos parar de falso moralismo. Como você, acho sim que a Prefeitura deveria fazer concurso público para ocupar cargos públicos. Isso é uma coisa, mas sair atirando a esmo com relação a um assunto polêmico como é o nepotismo, é puro ressentimento.
O vereador fez tantas indagações e afirmativas em seu comentário que cabem uma resposta com uma postagem em breve.
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