Há 33 anos pároco da igreja matriz de Santa Tereza,
no centro de Teresópolis, Monsenhor Antônio Carlos Mota do Carmo procura
transmitir a seus fiéis palavras de esperança e solidariedade nestes dias pós
catástrofe. "As próprias vítimas
comentam: ‘só Deus mesmo’. Nada que acontece de mau não tem um lado bom que
possa ser valorizado", diz. A igreja ficou intacta, apesar das fortes
chuvas que têm atingido a região.
Neste domingo, o monsenhor orou pelas vítimas da
tragédia. Disse sentir a população muito chocada e muito aflita. "Há um luto geral", afirma.
Porém, o pároco de 67 anos faz um alerta: "a natureza tem seus momentos de fúria,
seus momentos de vingança, por ter sido agredida", pontua.
O religioso
salienta que os fenômenos climáticos provocam maior desgraça devido à ocupação
de locais onde antes a natureza era preservada, como encostas e margens de
rios. Para o monsenhor, a responsabilidade pelo desastre não é apenas divina. "Às vezes, há falta de planejamento, de
destinação correta das verbas. Há provocação devido ao egoísmo e à ganância,
que impedem que os benefícios do progresso cheguem a todas as áreas."
Natural de
Tombos, cidade da Zona da Mata mineira, Antônio Carlos admira a generosidade do
povo da região serrana fluminense e receita perseverança para que esta rede de
solidariedade não esmoreça. "A gente espera que não suceda o que
acontece com frequência, que é todo mundo se mobilizar no início e depois se
acostumar. Vai passando o tempo e todo mundo esquece. As próprias verbas
prometidas às vezes não chegam, as administrações não cumprem o prometido. E
isso é muito triste, porque o estrago foi muito grande."
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