Só más notícias, e Lula bate novo recorde
Juro que eu também fiquei surpreso com a manchete da Folha de hoje, mostrando que o presidente Lula bateu novo recorde de aprovação, atingindo 70% de ótimo e bom no final do seu sexto ano de governo, quando a tendência histórica é de queda nos índices das pesquisas após a reeleição (vide FHC, Bush, Menem, etc).
Depois de tudo o que lemos, vimos e ouvimos na imprensa brasileira nos últimos dias, esperava o contrário, que Lula perdesse pontos em função da crise econômica mundial e, principalmente, da cobertura jornalística desta mesma crise. Teve até líder da oposição reclamando da demora da divulgação de novas pesquisas, achando que desta vez o presidente levaria um tombo.
Lula bate seu próprio recorde anterior, que era de 64% em setembro, justamente numa semana só de más notícias, em que ele foi responsabilizado em redes nacionais de TV e nas principais colunas de política e economia dos jornais por todas as desgraças do mundo, da tragédia das chuvas em Santa Catarina a todos os efeitos perversos da crise econômica importada dos Estados Unidos na vida dos brasileiros.
Não se trata de uma pesquisa qualquer. O índice de 70% de aprovação foi apurado pelo Datafolha, o respeitado instituto do maior jornal do país, que é um crítico ácido de Lula desde antes mesmo de seu governo começar, em 2003, e que tem se esmerado em destacar apenas notícias negativas em sua primeira página.
Fico imaginando a cara dos seus editores e colunistas diante da manchete do jornal de hoje. Que se passa com este povo?, devem estar se perguntando agora, incrédulos e inconformados.
Ao abrir o laptop e ver a manchete do iG nesta manhã de sexta-feira (os jornais ainda não chegaram aqui na fazenda em Igaratá, onde estou), tomei um susto ao ver meu amigo Lula atingindo o maior patamar de aprovação já registrado por um presidente desde a redemocratização do país.
Restam apenas 7% de brasileiros que consideram o governo Lula ruim ou péssimo, incluindo aí certamente muitos colegas jornalistas, que sentem saudades do seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, cujo maior índice de aprovação não passou de 47%, em dezembro de 1996.
A avaliação positiva de Lula foi registrada em todos os segmentos socioeconômicos e regiões do país, dos mais pobres aos mais ricos, dos mais jovens aos mais velhos, de norte a sul, desmentindo mais uma vez a tese dos antigos “formadores de opinião”, lançada após a reeleição em 2006, segundo a qual o prestígio do presidente se deve ao apoio que tem nos grotões mais pobres do país entre os beneficiários do Bolsa Família, este povo não lê jornal.
Como explicar este fenômeno? Como a maioria absoluta dos brasileiros ousa contrariar o pensamento único da mídia? Eu também gostaria de saber quem é e onde estão os novos formadores de opinião.
Paulista, paulistano, Ricardo Kotscho, 60, é repórter do iG e da revista "Brasileiros".
05/12/2008 - 10:15
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